Amor aos cavalos leva médico-veterinário para Clínica e Cirurgia de Grandes Animais

E profissional diz que a rotina agitada o estimula [...]

Eider Edoardo Leandro

Na quarta matéria da série em homenagem aos médicos-veterinários enfocamos o trabalho de Eider Edoardo, que se dedica à saúde de grandes animais. 

Inscrito no CRMV/BA em 2001, ele é  conselheiro da Autarquia nesta gestão 2019-2022.

Fundador de um clínica para equinos que é referência no estado, conta que, ao prestar vestibular para Medicina Veterinária, não tinha interesse em grandes animais, mas isso mudou logo no primeiro semestre da graduação:


Durante as férias escolares, o menino Eider viajava com o avô para uma fazenda de gado que ele possuía em Cruz das Almas e isso ativou o interesse dele pelo campo.

Com o pai, que era criador de cães, aprendeu a gostar de cachorros a ponto de decidir ser médico-veterinário de pequenos animais.

Com esse propósito, ingressou por vestibular na Universidade Federal da Bahia (Ufba), no segundo semestre de 1995.

Já estudando, conseguiu o primeiro estágio, em uma área que não era o foco dele naquela época, mas aceitou estagiar na Feira Internacional de Agropecuária (Fenagro), no Parque agropecuário de Salvador.

Recebeu  a incumbência de acompanhar os juízes de pista nas exibições de cavalos de marcha, quando os cavalos são avaliados dentro de um padrão racial, dando direito a classificação de primeiro, segundo e terceiro lugares.

De modo radical, essa experiência “virou a chave” no seu interesse profissional. Os cães tinham perdido um médico-veterinário.

Após a Fenagro, conta, foi estagiar com Ulisses de Carvalho Graça Filho,  um dos pioneiros em uso de ultrassom em equinos visando a reprodução, no estado. Logo que se graduou, se uniu à equipe como profissional.

Naquela época, relembra, “havia poucos profissionais de equinos:  Ulisses, Batalha, Gusmão e Balduíno [José Balduíno Moscozo de Medeiros Neto, ex-presidente do CRMV/BA]”.

Na Clinilab, teve experiência com laboratório de anemia infecciosa equina, reprodução, clínica e cirurgia.

Em 2006,  foi convidado por criadores para gerenciar  a Hípica Western no  Rancho  Umuarama e propôs abrir uma clínica no local, “para minha alegria foi aceita minha proposta”.  A clínica foi aberta com o sócio Alexandre Tinoco, colega de profissão, que havia estudado e formado também na Ufba. A decisão deu certo, os clientes foram chegando e com o tempo, o local foi batizado [pelos clientes] como Clínica do Rancho.

Rotina

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O dia-a-dia na clínica é muito agitado, pois “a demanda cresceu muito”, conta Eider. “São vários tipos de atendimentos diários internos. Muitos médicos-veterinários encaminham os animais que precisam de cuidados intensivistas ou de alta complexidade”, explica.

Tanta movimentação,  que poderia assustar outra pessoa, o deixa empolgado:  “São 24 anos da vida com cavalos,  AMO porque cada dia é diferente.”

As emergências mais comuns são os casos de cólica, mas o que mais atende no geral são demandas de ortopedia. Quase  100% dos pacientes são cavalos atletas, machos e fêmeas.

No mundo inteiro, os cavalos são empregados em diversas atividades, como pecuária, militar, esportiva (olimpíadas, corridas, vaquejadas etc), lazer e tratamento de humanos na equoterapia, entre outras.

Primeira cirurgia

Até 2008, não havia em Salvador um local adequado para fazer cirurgias  e naquele ano, ele teve a oportunidade de fazer a primeira cirurgia de cólica.  ” Foi fato  marcante e tivemos sucesso, foi um marco profissional, eu via animais morrendo por falta de local [para operar]”

Raças brasileiras

Hoje, dados do Mapa apontam que o Brasil tem cerca de seis milhões de animais e 22  associações de criadores  de  equídeos das mais variadas raças: cavalo mangalarga, crioulo, pantaneiro, campolina, quarto de milha, mangalarga marchador, nordestino, jumento pêga, árabe, brasileiro de hipismo, andaluz, puro sangue inglês, marajoara, campeiro, pururuca, paint, lusitano, bretão,trotador, ouro raça espanhola, percheron, morgan e poney.

Estes animais movimentaram 16 bilhões de reais do PIB brasileiro em 2016, gerando quase três milhões de postos de trabalho diretos e indiretos.

Empolgado pelo profissão, explica com paciência as diferenças que aprendeu a observar entre duas  das raças brasileiras, o Margalarga Marchador e o  Campolina. Animais de cada uma dessas raças tem características muito claras para alguém que lida com eles no dia-a-dia.

Como autoridade na área, explica que o campolina é muito maior e por ser grande, tem um estilo de marcha diferente do marchador [animal menor, que tem em média 1,52 cm na cernelha].

Os mangalarga fizeram fama por um caminhar suave:  de algum modo, os animais dessa raça conseguem andar com  três apoios no chão e apenas uma pata levantada.  O normal dos demais cavalos, é levantar duas patas e se apoiar nas outras duas enquanto caminha, o que gera maior impacto a cada pisada.

No dia 19 de Maio de 2014 foi sancionada uma lei, que declarou a raça de cavalos Mangalarga Marchador raça nacional. O texto foi proposto por um deputado federal da Bahia.

Eider explica que além do tamanho, dá para distinguir uma raça da outra pelo formato da cabeça “a do campolina é encarneirada”, diz. Isso significa que o campolina tem a parte anterior da cabeça mais arredondada, como de um carneiro.

Outro traço que distingue um animal do outro, na opinião do veterinário baiano, são as cores: “as pelagens são semelhantes, mas no mangalarga predomina o tordilho e já entre os campolina, os baios são mais comuns”. O  tordilho, como o tordo, pássaro europeu, é esbranquiçado ou cinza muito claro e com manchinhas escuras.  Já o baio apresenta cor castanha e pode ter extremidades -como cauda e crina-  negras.

Avaliação

Profissional respeitado, empresário de sucesso, Eider diz que “está satisfeito, nunca saciado. Gosto do que faço, entretanto nunca totalmente saciado. Tenho muito o que fazer”, conclui.

Ascom CRMV/BA, 12 de setembro de 2019

 

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