Enfrentando diversas situações de exposição aos riscos biológicos, o profissional de Medicina Veterinária, principalmente clínicos, e trabalhadores da vigilância epidemiológica e da vigilância sanitária devem tomar alguns cuidados para preservar a saúde.
Um deles, além do uso de equipamentos como jalecos, luvas, óculos e máscaras nos momentos corretos, é a necessidade de estar em dia com a vacinação. Alguns não levam em conta os riscos e terminam não sendo imunizados corretamente, às vezes por falta de acesso às vacinas ou falta de informação.
Até o dia 20 de maio, já foram registradas nove mortes esse ano na capital baiana ligadas aos vírus H3N2, H1N1 e influenza B. As vítimas estão nas pontas etárias: crianças e idosos. Essas pessoas são parte do público alvo da campanha de vacinação até 31 de maio de 2019, mas como sobraram doses, o Ministério da Saúde decidiu liberar para todos que quiserem a partir do dia 03 de junho.
Em 2019, a Secretaria de Saúde do Município de Salvador, cidade com maior concentração de médicos-veterinários, sendo 1.500 profissionais atuantes*, passou a classificá-los como prioritários para a imunização contra a influenza.
Outros dois grandes centros do estado, Feira de Santana (278 médicos-veterinários atuantes*) e Vitória da Conquista (108 médicos-veterinários atuantes*), também respeitam a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS/MS) nº 287, de 08 de outubro de 1998, que incluiu os médicos-veterinários como profissionais de saúde.
Em Feira de Santana, a Secretaria Municipal de Saúde informa que, para ser vacinado basta se dirigir a qualquer unidade de saúde básica da cidade e apresentar a identificação profissional.
Devido ao risco biológico, pela possibilidade de exposição a parasitas, toxinas e microrganismos nocivos durante as atividades laborais , o profissional de Medicina Veterinária deve procurar seguir o protocolo de vacinação das demais profissões de saúde, que inclui a vacinação contra a Hepatite B, Tétano, Raiva e Hepatite A, por exemplo.
A importância da vacinação não é apenas para a saúde do profissional, lembra o médico-veterinário João Victor Kotula: “quanto à gripe, o risco também envolve do veterinário ser um transmissor do vírus durante o trabalho, pois ele lida diariamente com múltiplos tutores que podem ter maiores susceptibilidades à infecção e evolução da enfermidade”, detalha. Hoje pós-graduando em Clínica médica e cirúrgica de animais selvagens e exóticos, ele foi bolsista na área de epidemiologia na Ufba durante a graduação.
A raiva, uma antropozoonose, é causada por vírus podendo ser transmitida por qualquer mamífero infectado. Em zonas rurais e urbanas, animais silvestres como morcegos e saguis podem estar infectados e transmitir o vírus aos seres humanos. Animais domésticos como cachorros e gatos, também podem se infectar e transmitir o vírus através de secreções, como a saliva.
O preocupante é que a raiva apresenta letalidade de quase 100% dos atingidos.
Em 2014 o Ministério da Saúde disponibilizou um manual com a Norma de profilaxia para raiva humana. Na página 12, o primeiro profissional a ser relacionado é justamente o médico-veterinário:
Clique na imagem para acessar o Manual
Semelhante ao Manual acima, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) da Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina colocou as informações neste folheto sucinto:
Frisando que “nem sempre a vacinação confere imunidade”, o médico-veterinário Aroldo Borges, Chefe do Setor de Vigilância das Zoonoses Transmitidas por Animais de Pequeno Porte, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, reforça que “para saber se foi imunizado, o profissional que recebeu a profilaxia pré-exposição à raiva, deve fazer o controle sorológico uma vez ao ano”.
Membro da Comissão Estadual de Saúde Pública (CESP) do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV/BA), Aroldo Borges sempre destaca em suas palestras que os animais silvestres são protegidos por lei e não podem ser atacados por pessoas que se sentem ameaçadas por algum eventual contágio. Nesses casos, os órgãos públicos devem ser acionados para remoção do animal.
Ligado ao conceito de saúde única, que abarca animais, pessoas e meio ambiente, Kotula, chama atenção para o médico-veterinário como agente na linha de frente de combate não apenas às antrozooponoses, mas também às antroponoses (doenças nas quais o homem é o reservatório, como a salmonela que causa a febre tifóide), anfixenoses (doenças que circulam entre seres humanos e animais, como a toxoplasmose) e as zooantroponoses (transmitida aos animais pelos humanos, como a esquistossomose).
As políticas de vacinação começaram a ser consolidadas em 1973, com a criação do Programa Nacional de Imunização (PNI) que hoje disponibiliza 45 diferentes imunobiológicos. O PNI segue as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
*Dados do Siscad em 16 maio 2019
Ascom CRMV/BA, 30 de maio de 2019
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