Atualmente, os Programas de Residência da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (Emevz) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), contam com 36 médicos-veterinários residentes, tendo como unidades de prática principais o Hospital de Medicina Veterinária Prof. Renato Rodenburg de Medeiros Netto (Hospmev) e o Centro de Desenvolvimento da Pecuária (CDP).
Como as atividades do Hospmev foram suspensas temporariamente em decorrência da pandemia da Covid-19, até a sua reabertura, marcada para quatro de Maio, os residentes não pararam. Além de Unidade CDP, que fica no distrito de Oliveira dos Campinhos, ter mantido seu funcionamento, os residentes ficaram à disposição dos Centros de Operações Emergenciais da Secretaria de Saúde do Município de Salvador e da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (DIVEP-SESAB), que atuam como centros de inteligência para o combate à Pandemia do Covid-19 e à outras enfermidades, como Raiva, Zika, Dengue e Chikungunya.
Professor Rodrigo Bittencourt, Coordenador Geral dos Programas, relata que “após a veiculação na imprensa mundial que PETs deram positivo para o novo Coronavirus, em Hong Kong e na Bélgica, percebemos que muitas dúvidas surgiram na população, o que levou os coordenadores dos Programas de Residência e diretoria do Hospmev, a buscarem uma estratégia para minimizar estas questões. Assim, foi criado o plantão telefônico “Covid-19 e os animais”.
Funcionando de segunda a sexta-feira, nas dependências do Hospital Veterinário da UFBA, das 08h às 16h sem pausa para almoço, o plantão atende no número (71) 3283-6736.
Professor Rodrigo informa que, “ao ligar, os tutores são atendidos por um equipe qualificada, composta por residentes de Clínica Médica de Carnívoros Domésticos, Cirurgia de Carnívoros Domésticos, Patologia Veterinária, Patologia Clínica Veterinária, Anestesiologia e Medicina Veterinária de Emergência e Reprodução Animal e Obstetrícia Veterinária, sempre sob supervisão de um preceptor e com apoio de membros das Comissões de Saúde Pública e de Bioética e Bem Estar Animal do CRMV/BA”.
Um dos residentes é a médica-veterinária Moane Castro, graduada em 2018 pela Ufba, ela ingressou em 2020 na Residência de Cirurgia de Carnívoros Domésticos. Atendendo no plantão telefônico desde o primeiro dia, conta que as dúvidas mais frequentes que motivam as ligações “são relacionadas à higienização do pet e sobre a transmissão do vírus”.
Moane Castro explica que há uma coleta de dados das pessoas que entram em contato “os residentes perguntam o bairro, pegam o contato do tutor, perguntam se tem alguém com sinais gripais, se tem pessoas de grupo de risco e se tem cão ou gato na residência, visando elaborar um perfil epidemiológico”, relata.
Para garantir que as orientações sejam compreendidas, os residentes “usam uma linguagem mais informal e acessível para o leigo”, diz Moane.
Mas eles fazem de tudo para se comunicar. Stephanie Luyse Dias, médica-veterinária pela Ufba em 2017 e que entrou em 2019 na Residência Patologia Clínica, criou um modo bem pessoal de explicar às pessoas. Ela diz, que de forma educada, “coloco o tutor no centro do questionamento, por exemplo, se alguém pergunta “posso usar cloro para limpar a patinha”‘, ela devolve perguntando “a senhora, o senhor usaria cloro em sua pele?”. isso faz com que eles reflitam e compreendam de imediato”, diz a médica-veterinária.
“Foi no meu plantão”, conta Adriele de Carvalho, Residente em Cirurgia. “Estava atendendo às ligações no momento que estava passando uma matéria na TV sobre o serviço com uma entrevista do professor Rodrigo Bittencourt e o número de ligações aumentou na hora, foi uma atrás de outra”.
Os contatos são majoritariamente de Salvador, mas as residentes já puderam prestar serviços à população de Lauro de Freitas e de Itaparica.
Em uma semana de trabalho, as residentes constaram que a higienização de patas e focinhos de cães e gatos é o que mais causa dúvidas, mas Stephanie atendeu a um telefone meio inusitado. Um tutor desejava saber como cuidar de um cágado durante a pandemia.
Ela perguntou se o animal tinha acesso à rua e o tutor explicou que não, que só passeava pelo quintal. Sem qualquer contato externo, sem casos de Covid-19 na família do tutor, a médica-veterinária explicou que não eram necessárias outras medidas, além da rotina normal do réptil.
É constante a preocupação com a saúde e o bem-estar, o acolhimento dos animais nas famílias nas quais estão inseridos.
Formada no ano passado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Lara Barbosa iniciou este ano na Residência em Reprodução Animal e já coleciona alegrias no seu trabalho como profissional da saúde.
Um casal idoso, preocupado com as saídas do gato para as ruas, temendo que ele pudesse se contaminar, ligou para o Hospmev. Lara explicou quais os cuidados necessários e depois da orientação, o casal se convenceu que não havia riscos para o animal ou os tutores.
“Calculava que iria ser um trabalho desafiador, mas é recompensador conseguir mudar as ideias das pessoas”, diz Lara Barbosa.
Observadora, a médica-veterinária avalia: quem mais ligam são os idosos. Eles gostam de conversa longa, relatam detalhes da vida do animal, contam histórias e tratam com mais carinho as residentes.
Satisfeito, o coordenador dos Programas de Residência, Rodrigo Bittencourt, notou que “no feriado de Tiradentes, o ritmo de ligações deu uma diminuída, mas no geral, a população aprovou o serviço, pois a procura está sendo maior que o esperado, com cerca de 60 atendimentos até a tarde de quinta-feira.”.
Para saber mais sobre a Covid-19 e os animais, leia esse material preparado pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Panaftosa-Opas/OMS) e a organização Proteção Animal Mundial (WAP/World Animal Protection), com uma série de perguntas e respostas para tentar dirimir dúvidas durante a pandemia.
*Fotos e vídeos cedidos de álbuns pessoais ao CRMV/BA
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